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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

LA POCHA NOSTRA
CONHECENDO UMA EXPERIÊNCIA DE CRIAÇÃO NA PERFORMANCE


‘La Pocha Nostra’ é uma organização de arte multidisciplinar sediada em São Francisco, com facções em outras cidades e países, cuja mais significante contribuição talvez tenha sido no reino hibrido da cyber-art performance/instalação. Garante um centro e um fórum em rede para artistas rebeldes, de várias vertentes, gerações e backgrounds étnicos. Seu denominador comum é o desejo de desafiar, atravessar e apagar perigosas fronteiras entre arte e política, prática e teoria, artista e espectador, mestre e aprendiz, pesadelos corporais e culturais. Luta por erradicar mitos de pureza e dissolver fronteiras que cercam cultura, etnicidade, gênero, linguagem, poder, metier, infelizmente ainda considerados como atos radicais.
                                               Criam museus vivos interativos que parodiam várias práticas culturais de representação. Em contexto de ficção, exibem-se a si próprios como artefatos humanos, com corpos altamente decorados, algumas vezes como especimens de perigosas tribos, outras como santos fronteiriços de religiões perseguidas; outras vezes entregam-se à audiência e assumem a composição de identidades ditadas pelos medos e desejos dos visitantes de museus e/ou de usuários da internet. Durante suas performances, ambos, os membros da audiência e os performers estão constantemente tomando decisões estéticas, políticas e éticas, in loco, sem nem se perceberem disto. Para a audiência, escolhendo ou não participar nesta ou naquela performance, o jogo significa que se torna necessário para eles, exercitarem seus músculos cívicos e sua inteligência política. Ai é precisamente onde eles sentem que reside o verdadeiro poder político do trabalho.
                                               No final da performance, costumam criar quadros vivos com os membros da plateia mais responsivos e audaciosos, manipulando simbolicamente a posição de seus corpos e tirando ou acrescentando peças de roupa e adereços para suas ‘personas improvisadas’. A distância entre o performer e a audiência é completamente apagada. O que a platéia ao vivo acaba experimentando é uma antropomorfização estilizada de seus próprios (ou dos próprios performers) demônios pós-coloniais e alucinações _ uma espécie de poltergeist cross cultural onde o espaço entre si e o outro, performers e o outro, medo e desejo, tornam-se turvos e inespecíficos. Isto se torna o marco zero nas relações interculturais.
                                               Neste sentido a performance /instalação funciona ao mesmo tempo como um set bizarro de design para  uma afirmação contemporânea das ‘patologias culturais’, e como um espaço cerimonial para as pessoas refletirem sobre suas atitudes através de outras culturas. As imagens brincalhonas e sedutoras destes perigosos jogos de fronteira, border games, criam uma atmosfera onde os membros da audiência não estão imediatamente conscientes da implicação de suas ações _ até a próxima manhã quando eles acordam com uma ressaca cultural e uma “filosófica dor de cabeça.”
                                               O objetivo do coletivo segundo os próprios é de soltar os demônios milenares e como artistas performáticos entender seu novo papel e lugar nessa cultura do extremo espetáculo. Os subtextos destes jogos performáticos parecem ler: “todos somos racistas e sexistas, todos temos tesão, somos ternos, brincalhões e violentos, é da natureza humana; todos estamos implicados nesta loucura; vamos entender isto juntos; vamos atravessar os limites de cada um e compreender”.
                                               É precisamente nestes crus interstícios de tolerância/intolerância onde se pode promover um diálogo das relações interculturais, ao invés de pretender que gestos ocos de simpatia e empatia possam transformar a condição humana da noite para o dia.
                                               POCHA NOSTRA acredita fortemente que a performance promove o diálogo criando várias vias, trajetórias e intersecções insuspeitas que são na maioria das vezes descobertas/aprendidas através do corpo e posteriormente circulam através da linguagem e da ação. Para o momento consideram que seu trabalho é o de abrir a ‘caixa de pandora’ do nosso tempo e deixar os demônios perdidos; abrir por assim dizer, a ferida infectada da ‘fronteira’; segundo eles, outros _ os  acadêmicos, os ativistas_ terão que ajudá-los a entender, domesticar e lutar contra tais demônios....




ARTESUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL . HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DO TEATRO 

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