LA POCHA NOSTRA
CONHECENDO UMA EXPERIÊNCIA DE CRIAÇÃO NA PERFORMANCE
‘La Pocha Nostra’
é uma organização de arte multidisciplinar sediada em São Francisco, com
facções em outras cidades e países, cuja mais significante contribuição talvez
tenha sido no reino hibrido da cyber-art performance/instalação. Garante um
centro e um fórum em rede para artistas rebeldes, de várias vertentes, gerações
e backgrounds étnicos. Seu denominador comum é o desejo de desafiar, atravessar
e apagar perigosas fronteiras entre arte e política, prática e teoria, artista
e espectador, mestre e aprendiz, pesadelos corporais e culturais. Luta por
erradicar mitos de pureza e dissolver fronteiras que cercam cultura,
etnicidade, gênero, linguagem, poder, metier,
infelizmente ainda considerados como atos radicais.
Criam
museus vivos interativos que parodiam várias práticas culturais de
representação. Em contexto de ficção, exibem-se a si próprios como artefatos
humanos, com corpos altamente decorados, algumas vezes como especimens de
perigosas tribos, outras como santos fronteiriços de religiões perseguidas;
outras vezes entregam-se à audiência e assumem a composição de identidades
ditadas pelos medos e desejos dos visitantes de museus e/ou de usuários da
internet. Durante suas performances, ambos, os membros da audiência e os performers
estão constantemente tomando decisões estéticas, políticas e éticas, in loco, sem
nem se perceberem disto. Para a audiência, escolhendo ou não participar nesta
ou naquela performance, o jogo significa que se torna necessário para eles,
exercitarem seus músculos cívicos e sua inteligência política. Ai é
precisamente onde eles sentem que reside o verdadeiro poder político do
trabalho.
No
final da performance, costumam criar quadros vivos com os membros da plateia
mais responsivos e audaciosos, manipulando simbolicamente a posição de seus
corpos e tirando ou acrescentando peças de roupa e adereços para suas ‘personas
improvisadas’. A distância entre o performer e a audiência é completamente
apagada. O que a platéia ao vivo acaba experimentando é uma antropomorfização
estilizada de seus próprios (ou dos próprios performers) demônios pós-coloniais
e alucinações _ uma espécie de poltergeist
cross cultural onde o espaço entre si e o outro, performers e o outro, medo
e desejo, tornam-se turvos e inespecíficos. Isto se torna o marco zero nas
relações interculturais.
Neste
sentido a performance /instalação funciona ao mesmo tempo como um set bizarro
de design para uma afirmação
contemporânea das ‘patologias culturais’, e como um espaço cerimonial para as
pessoas refletirem sobre suas atitudes através de outras culturas. As imagens
brincalhonas e sedutoras destes perigosos jogos de fronteira, border games, criam uma atmosfera onde
os membros da audiência não estão imediatamente conscientes da implicação de
suas ações _ até a próxima manhã quando eles acordam com uma ressaca cultural e
uma “filosófica dor de cabeça.”
O
objetivo do coletivo segundo os próprios é de soltar os demônios milenares e
como artistas performáticos entender seu novo papel e lugar nessa cultura do
extremo espetáculo. Os subtextos destes jogos performáticos parecem ler: “todos
somos racistas e sexistas, todos temos tesão, somos ternos, brincalhões e
violentos, é da natureza humana; todos estamos implicados nesta loucura; vamos
entender isto juntos; vamos atravessar os limites de cada um e compreender”.
É
precisamente nestes crus interstícios de tolerância/intolerância onde se pode
promover um diálogo das relações interculturais, ao invés de pretender que gestos
ocos de simpatia e empatia possam transformar a condição humana da noite para o
dia.
POCHA
NOSTRA acredita fortemente que a performance promove o diálogo criando várias
vias, trajetórias e intersecções insuspeitas que são na maioria das vezes
descobertas/aprendidas através do corpo e posteriormente circulam através da
linguagem e da ação. Para o momento consideram que seu trabalho é o de abrir a
‘caixa de pandora’ do nosso tempo e deixar os demônios perdidos; abrir por
assim dizer, a ferida infectada da ‘fronteira’; segundo eles, outros _ os acadêmicos, os ativistas_ terão que ajudá-los
a entender, domesticar e lutar contra tais demônios....
ARTESUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL . HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DO TEATRO
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