SOLIDÃO
MEDO DA ...
CONVIVENDO
COM...
ADMINISTRANDO
A...
COMPREENDENDO
A...
O que é que fazemos, quando estamos isolados? Tentamos
escapar da solidão, por meio da companhia, dos divertimentos, da adoração, da
prece, por meio de todas essas hábeis, bem conhecidas e firmadas fugas. Por que
é que fazemos isto? Pensamos poder assim disfarçar o isolamento, por meio
dessas fugas, mediante esses alívios. Será possível para nós, disfarçarmos uma
coisa que é visceralmente molesta? Momentaneamente, podemos, porém, o
isolamento continuará, futuramente. Portanto, onde houver fuga, tem de haver
continuidade do isolamento. Para o isolamento não há substituições. Se pudermos compreender isto com todo o
nosso ser, completamente; se pudermos compreender que não há possibilidade de
escapar da solidão, do medo, o que é que acontece então?
A maioria dentre vocês não poderá responder, porque jamais
experimentaram o problema de modo completo. Não sabem o que acontecerá, quando
houverem, por completo obstruído todas as vias de fuga e não houver a mínima
possibilidade de fuga.
Eu lhes sugiro para que façam essa experiência. Quando
estiverem isolados, tornem-se plenamente apercebidos e verificarão que a mente
de vocês quer fugir, quer escapar da solidão. Quando a mente estiver apercebida
de que está fugindo e, ao mesmo tempo, perceber o absurdo da fuga, nessa mesma
compreensão a solidão, na verdade, desaparece.
Quando vocês de defrontarem com um problema e não houver
possibilidade de uma saída, então o problema cessará, coisa que não significa a
aceitação dele. Ora, vocês buscam um remédio para a solidão, uma substituição
e, portanto, o problema não se relaciona com o isolamento, porém sim, com o
saber qual o remédio para o isolamento, qual o melhor meio para dele escapar ou
disfarçá-lo. Quando, porém, a mente não mais busca uma fuga, então o isolamento
ou o medo terão um significado muitíssimo diferente.
Vocês não podem, no entanto, aceitar minhas palavras neste
sentido. Tudo o que podem fazer é dizer que não sabem. Não sabem se o
isolamento e o temor irão desaparecer; porém, experimentando, compreenderão o
pleno significado da solidão. Se meramente buscarmos remédio para a solidão ou
para o medo, nos tornaremos muito superficiais, não é assim? Para o homem que
tem tudo o de que precisa, como para o homem que de tudo necessita, para ambos,
a vida se torna muito vazia. Na mera busca de remédios, torna-se a vida sem
significado, oca; ao passo que, se realmente experimentarem o problema ardente
e não houver maneira possível de fugir, então, verificarão que esse problema
executa para vocês uma coisa milagrosa.
Não mais será um simples problema, o examiná-lo, o
vivê-lo, o compreende-lo se tornará intensamente vital.
Só existe um movimento da verdade: é quando a mente não
está mais colhida pelo medo, com todas as suas ilusões; quando não mais busca
orientação, nem ser guiada. A solidão não é exclusividade; ela vem à
existência, quando há o discernimento do que é falso.
(Krishnamurti — O medo —
1946 — ICK)
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