O ATO REFLEXIVO o que fazer com a informação
É o corpo que nos abre
inicialmente a possibilidade de vivenciar qualquer experiência nesta realidade
mundana em que nos encontramos. Para nos
conduzir ao ato reflexivo que integra
cada vez mais consciência, no processo continuo da evolução.
Ato Reflexivo é o termo
utilizado por Teilhard de Chardin em seu estudo sobre a noosfera, como etapa
decorrente da reflexão, do pensamento síntese que antecede a meta-morfose, a
trans-formação da ação. O homem à medida em que foi desenvolvendo a consciência
aprimorou a capacidade reflexiva voltando-se cada vez mais sobre si mesmo.
O
fenômeno da reflexão é um dos atributos centrais que diferem o homem do animal.
O ato reflexivo gera o aprofundamento, o conhecimento e possibilita a afirmação
do ‘eu’. Ele é um dado que transforma e enriquece a natureza humana. A partir
do passo reflexivo já não há uma simples “mudança de grau” entre o homem e o animal, mas uma “mudança de
natureza - que resulta de mudança de estado” . Teilhard afirma que esta
transformação é de infinita “relevância porque somos reflexivos, não somos
apenas diferentes, mas outros”. O ser reflexivo representa um avanço radical na
evolução, ele cria um universo interior. A vida interior manifestada pelas
diversas atividades do espírito (abstração, lógica, matemática etc) representa
uma nova realidade, é um outro mundo que nasce. Diz ele que a reflexão
“é
o poder adquirido por uma consciência de se dobrar sobre si mesma e de tomar
posse de si mesma ‘como um objeto’ dotado da sua própria consistência e do seu
próprio valor: já não só conhecer - mas conhecer a si próprio; já não só saber
- mas saber que sabe”. (Teilhard de Chardin, 1965)
Saber que sabe, é a
auto-consciência. Unificar o sensível, que chega como uma informação trazida
pelo corpo que dança, em um sentido novo. É o ato reflexivo que conduz o
sujeito a perceber as coisas de um modo singular, ou seja, ampliando suas
possibilidades de significação e, com isso, abrindo-o para outros modos de ver
e de ser.
Segundo o neurologista
português Antonio Damásio em seu livro O
Mistério da Consciência, a consciência é uma sensação constituída por
sinais não verbais dos estados do corpo. A idéia da consciência como um
sentimento de conhecer, condiz com o fato das estruturas cerebrais operarem com
o vocabulário não verbal dos sentimentos. Damásio mostra que a capacidade do
corpo para sentir estímulos e reagir aos seus próprios processos e ao meio, é a
chave para o fenômeno da consciência. Procura entender como o organismo
portador da emoção podia tornar-se ciente daquele substrato cerebral do
sentimento, concebendo uma explicação para como o sentimento torna-se conhecido
pelo organismo que o sente.
“A experiência estética nos abre para o novo, o inédito, o único, para
aquilo que “exige de nós criação para dele termos experiência” (Merleau-Ponty,
2005, p.187).
Ao comparar o corpo à obra
de arte e ao situá-lo como fundamento primeiro do eu, que se descobre outro na
experiência estética, Merleau-Ponty (2004, 2006) anuncia uma compreensão da
subjetividade como devir, em uma estética da existência, na qual a própria vida
pode se (re)criar. A descrição fenomenológica da percepção, empreendida por
Merleau-Ponty (2006), convida a um novo olhar sobre a subjetividade, onde o
conhecimento de si e do mundo seja trazido não apenas pelo pensamento, mas
através de manifestações da arte por ele protagonizadas, por exemplo, o corpo
que dança, e possa atender à multiplicidade que constitui o ser humano.
Se no pensamento clássico a
consciência era um fenômeno mental, uma operação do espírito, em Merleau-Ponty
a consciência só emerge como ato
reflexivo a partir do que é percebido pelo corpo. A subjetividade pode ser
definida como a consciência de si, a autoconsciência. Para Merleau-Ponty (2006)
existe uma consciência pré-reflexiva, que através da percepção corporal, conduz
e possibilita um ‘ato reflexivo”.
Percepção
(consciência pré-reflexiva) >>>corpo como lugar de um conhecimento
originário do mundo e de si próprio >>>conhecimento ato reflexivo
(consciência de si como pensamento extrato - síntese..)>>>>nova
percepção (nova consciência pré-reflexiva)>>>>corpo como lugar de
um novo conhecimento.....e assim sucessivamente numa relação circular
A subjetividade não é algo
acabado, se constitui como processo, em sínteses provisórias, que se formam na
medida em que o sujeito vivencia o sentido de si na relação com o mundo
(conhecimento - ato reflexivo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário