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domingo, 6 de novembro de 2016

O ATO REFLEXIVO o que fazer com a informação

É o corpo que nos abre inicialmente a possibilidade de vivenciar qualquer experiência nesta realidade mundana em que nos encontramos.  Para nos conduzir ao ato reflexivo que integra cada vez mais consciência, no processo continuo da evolução.

Ato Reflexivo é o termo utilizado por Teilhard de Chardin em seu estudo sobre a noosfera, como etapa decorrente da reflexão, do pensamento síntese que antecede a meta-morfose, a trans-formação da ação. O homem à medida em que foi desenvolvendo a consciência aprimorou a capacidade reflexiva voltando-se cada vez mais sobre si mesmo. 

O fenômeno da reflexão é um dos atributos centrais que diferem o homem do animal. O ato reflexivo gera o aprofundamento, o conhecimento e possibilita a afirmação do ‘eu’. Ele é um dado que transforma e enriquece a natureza humana. A partir do passo reflexivo já não há uma simples “mudança de grau”  entre o homem e o animal, mas uma “mudança de natureza - que resulta de mudança de estado” . Teilhard afirma que esta transformação é de infinita “relevância porque somos reflexivos, não somos apenas diferentes, mas outros”. O ser reflexivo representa um avanço radical na evolução, ele cria um universo interior. A vida interior manifestada pelas diversas atividades do espírito (abstração, lógica, matemática etc) representa uma nova realidade, é um outro mundo que nasce. Diz ele que a reflexão

“é o poder adquirido por uma consciência de se dobrar sobre si mesma e de tomar posse de si mesma ‘como um objeto’ dotado da sua própria consistência e do seu próprio valor: já não só conhecer - mas conhecer a si próprio; já não só saber - mas saber que sabe”. (Teilhard de Chardin, 1965)

Saber que sabe, é a auto-consciência. Unificar o sensível, que chega como uma informação trazida pelo corpo que dança, em um sentido novo. É o ato reflexivo que conduz o sujeito a perceber as coisas de um modo singular, ou seja, ampliando suas possibilidades de significação e, com isso, abrindo-o para outros modos de ver e de ser.

Segundo o neurologista português Antonio Damásio em seu livro O Mistério da Consciência, a consciência é uma sensação constituída por sinais não verbais dos estados do corpo. A idéia da consciência como um sentimento de conhecer, condiz com o fato das estruturas cerebrais operarem com o vocabulário não verbal dos sentimentos. Damásio mostra que a capacidade do corpo para sentir estímulos e reagir aos seus próprios processos e ao meio, é a chave para o fenômeno da consciência. Procura entender como o organismo portador da emoção podia tornar-se ciente daquele substrato cerebral do sentimento, concebendo uma explicação para como o sentimento torna-se conhecido pelo organismo que o sente.

A experiência estética nos abre para o novo, o inédito, o único, para aquilo que “exige de nós criação para dele termos experiência” (Merleau-Ponty, 2005, p.187).

Ao comparar o corpo à obra de arte e ao situá-lo como fundamento primeiro do eu, que se descobre outro na experiência estética, Merleau-Ponty (2004, 2006) anuncia uma compreensão da subjetividade como devir, em uma estética da existência, na qual a própria vida pode se (re)criar. A descrição fenomenológica da percepção, empreendida por Merleau-Ponty (2006), convida a um novo olhar sobre a subjetividade, onde o conhecimento de si e do mundo seja trazido não apenas pelo pensamento, mas através de manifestações da arte por ele protagonizadas, por exemplo, o corpo que dança, e possa atender à multiplicidade que constitui o ser humano.

Se no pensamento clássico a consciência era um fenômeno mental, uma operação do espírito, em Merleau-Ponty a consciência só emerge como ato reflexivo a partir do que é percebido pelo corpo. A subjetividade pode ser definida como a consciência de si, a autoconsciência. Para Merleau-Ponty (2006) existe uma consciência pré-reflexiva, que através da percepção corporal, conduz e possibilita um ‘ato reflexivo”.

Percepção (consciência pré-reflexiva) >>>corpo como lugar de um conhecimento originário do mundo e de si próprio >>>conhecimento ato reflexivo (consciência de si como pensamento extrato - síntese..)>>>>nova percepção (nova consciência pré-reflexiva)>>>>corpo como lugar de um novo conhecimento.....e assim sucessivamente numa relação circular

A subjetividade não é algo acabado, se constitui como processo, em sínteses provisórias, que se formam na medida em que o sujeito vivencia o sentido de si na relação com o mundo (conhecimento - ato reflexivo).


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