AO PONTO ÔMEGA ATRAVÉS DA ARTE
No paradigma da
complexidade, a incerteza, a indeterminação, a aleatoriedade, as contradições
aparecem não como resíduos a serem eliminados pela explicação, mas como
ingredientes não elimináveis da nossa percepção/concepção do real, e a
elaboração de um princípio de complexidade precisa de que todos estes
ingredientes alimentem a explicação complexa.
Uno-múltiplo, todo-partes,
ordem-desordem, sujeito-objeto, observado-sistema observado....É complexo
porque o paradigma sistema nos obriga a unir noções que se excluem no âmbito do
princípio da simplificação. É complexo porque estabelece implicações mútuas
entre noções classicamente distintas . É complexo porque introduz causalidade
complexa.
Esta nova visão deixa de ser
um pensamento de sobrevôo para se tornar um olhar situado, que busca
compreender o que é o homem a partir dos fenômenos concretos por ele
protagonizados, enfocando suas experiências, seu mundo vivido.
É tempo de encontrar
metapontos de vista_ sobre a existência
e a dinâmica da noosfera; sobre a tecnosfera a que estamos cada vez mais
embrenhados; sobre este sistema vivo e mutante, intrincado é maravilhoso que é
o corpo humano, seus sistema de constituição e informação; sobre a dança como agente de criação, de conexão,
de acesso_ que só podem aparecer com a ajuda das idéias complexas. A subjetividade original de cada ser, através
da atenção, da auto-observação e da experimentação, focadas através desta visão
complexa, podem contribuir para o entendimento do processo de auto criação da
própria realidade a partir de suas múltiplas interações.
Edgar Morim (2013) afirma:
“Uma
nova racionalidade deixa-se entrever. A antiga racionalidade procurava apenas
pescar a ordem na natureza, Pescavam-se não os peixes, mas as espinhas. A nova
racionalidade, permitindo conceber a organização e a existência, permitiria ver
os peixes e também o mar, ou seja, também o que não pode ser pescado” (Morin,
2013)
Este princípio conduz a uma
prática responsável, liberal, libertária, comunitária e também à redescoberta
da questão da sabedoria e à necessidade de fundar a nossa sabedoria. A procura dessa sabedoria é, nesse sentido, a
procura da superação da cisão que se operou entre o universo da meditação e o
da prática social.
A Arte é a grande chave. O
meio pelo qual o sujeito poderá sair do excesso de racionalismo que normatiza e
engessa e trazer à consciência especificidades a serem expressas que, por não
estarem conscientizadas, encontram-se, na maioria das vezes inativas,
inoperantes, asfixiadas, imobilizadas. A Arte oferece a criação de várias vias,
intersecções, comunicações, ressonâncias, sinapses, neste caminho de acesso ao
Ponto Ômega da consciência unificada.
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