A DOUTRINA DO CENTRO michel
ichenique isasa
Esta doutrina é o
coração da estratégia universal e dela surgem todos os modelos de tática
clássica.
Mas o que é o
centro? Seria um lugar? A distância equivalente entre dois combatentes? Uma
idéia?
Para definir o que
é o centro , temos que separar a natureza de seus atributos, já que, na
natureza, não encontramos centro e sim direções, movimentos, redes de
comunicação, linhas de força e, de acordo com as teorias atuais, uma trama de
sistemas fractais. É somente quando observamos o universo do ponto de vista
filosófico que surge o centro como atributo deste para excelência. Podemos
dizer , então , que o centro corresponde a uma concepção espiritual de vida , e
neste caso, podemos entendê-lo como forma (conceito) e como abstração
(espírito).
O centro , então ,
implica na idéia do bem, da verdade , da justiça etc. Mas se é possível
concebê-lo, também deve ter forma: qual será a forma do centro?
Nos esquemas
tradicionais , o centro representa-se como o ponto que é eqüidistante de todos
os demais, seja em figuras planas (círculos, quadrado, triangulo) ou em figuras
com volume (cubo, esfera, dodecaedro).
O centro também é
representado na cúspide da pirâmide e no obelisco sobre a colina, mas tudo isso
é símbolo e representa algo que existe além de qualquer parâmetro mental, onde
a natureza ou o espírito possa estar representado.
Com isso , podemos
esboçar uma definição do centro, posto que nela podemos integrar tudo o que foi
dito até agora, já que , se reagruparmos natureza , espírito , atributos e
símbolos, chegamos a um ponto onde todas as coisas se encontram.
O centro é , então
, o ponto de conjugação onde todas as coisas se harmonizam e , ao mesmo tempo,
articulam-se para cumprir com eficiência as funções que lhes são próprias.
Deste modo , com
essa definição teórica , podemos chegar a definir a forma prática do centro.
Em sistemas
naturais ou criados pelo homem, a forma do centro encontra-se naquilo que ,
pertencendo a qualquer coisa em movimento, não se move e, ao mesmo tempo é
suporte do movimento.
Numa roda , o
centro é o cubo ou circulo onde o eixo gira, transmitindo-se movimento ao resto
do sistema, na arvore o centro é a concavidade onde a seiva flui, transmitindo
a vida para todo o sistema; no sistema solar , o centro é o espaço onde o sol
se move , transmitindo força para todo o sistema, no homem , o centro é a
concavidade onde a consciência se move , relacionando todos os elementos que o
constituem.
Como atributo , é o
primeiro de todos: a vontade. E como objeto , é também o primeiro de todos : a
lei.
Mas como pode o
homem chegar a realizar o centro? Somente quando o concebe e identifica-se com
ele. Desse ponto de vista , a idéia-forma do centro , no homem, o tipo
superior: o herói.
O centro
expressa-se através de dois círculos concêntricos (heiho) , o circulo defensivo
e o circulo de ataque , e taticamente é correto vê-lo assim; porem , do ponto
de vista estratégico , o centro não é um circulo de defesa nem de ataque, mas a
integração de ambos simultaneamente, unificando ponto e circunferência; é um “centro
total”.
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