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sábado, 22 de março de 2014

QUANDO NÃO SABER  É LIBERTADOR
Quando você não sabe um determinado assunto, você não pode discuti-lo. Mas basta saber alguma coisa, para querer provar ao outro que está certo, que está com a razão.
O querer ganhar, querer ter razão sempre, é um dos mecanismos mais aprisionadores do ser, na medida em que saber é ter certeza do que é conhecido. Saber é diferente de conhecer, ter informações acerca de... O saber, que também não deve ser confundido com sabedoria, é a coleção de convicções que se tem sobre as coisas.
Há o saber científico, o saber cultural, o saber jurídico, o saber religioso.... Mas todos foram e vem sendo continuadamente alterados ao longo dos tempos. Portanto, suas verdades não são universais.
E por que então o ser humano, mesmo sabendo que os saberes da humanidade são verdades relativas, que a qualquer momento podem ser contestadas, mesmo assim, ele sujeita sua vida a estes saberes, a estes conceitos, a estes valores, a essas verdades??
Por que ele rege sua vida por valores externos a ele, criando um descompasso, uma divergência, um antagonismo entre ‘o que vive para fora’ e ‘o que é em essência’?! Esta é a raiz de todo seu sofrimento.
Somente a atenção sobre si pode permitir que a sua verdade se manifeste para si. Aquilo que lhe faz sentido.
Somente a compreensão da própria vida que cada um tem para viver, e a aliança com ela, pode permitir o resgate do seu próprio ser. Que muitas vezes, devido ao foco excessivo ‘para fora’, para os ‘saberes de fora’, para os ‘saberes do outro’, está caído à margem, apagado, desconhecido de si mesmo. É preciso se revelar a si próprio.
Muitas vezes...quase sempre, as informações que se recebe no dia a dia, deixam de ter este caráter de meras informações, para serem  consolidadas como verdades absolutas.
E passam a reger todo o seu comportamento, todas as suas ações e reações.
E pior. Seu pensamento discursivo _ aquele que ‘discursa’ sobre o que está acontecendo a cada agora_ ao registrar este saber como verdade absoluta, cria uma ‘memória’ e passa a usar estes conceitos em outras oportunidades, a cada vez que o tema em questão for abordado novamente.
Uma informação assentada interiormente cria raiz. E aí se torna muito mais difícil retirá-la, libertar-se dela.
Se libertar do que se sabe é compreender que tudo são verdades relativas: ‘pode ser e pode ser não ser’.
Para se defender do ‘saber’ é preciso não dar crédito de real a nada que alguém fale e não dar crédito de real a nada que a sua mente fale.
Assim, começamos a não assentar novos saberes como tijolos cimentados na mente.
‘Pode ser e pode não ser’.

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