QUANDO NÃO SABER É
LIBERTADOR
Quando você não sabe um
determinado assunto, você não pode discuti-lo. Mas basta saber alguma coisa,
para querer provar ao outro que está certo, que está com a razão.
O querer ganhar, querer
ter razão sempre, é um dos mecanismos mais aprisionadores do ser, na medida em
que saber é ter certeza do que é conhecido. Saber é diferente de conhecer, ter
informações acerca de... O saber, que também não deve ser confundido com
sabedoria, é a coleção de convicções que se tem sobre as coisas.
Há o saber científico, o
saber cultural, o saber jurídico, o saber religioso.... Mas todos foram e vem
sendo continuadamente alterados ao longo dos tempos. Portanto, suas verdades
não são universais.
E por que então o ser
humano, mesmo sabendo que os saberes da humanidade são verdades relativas, que
a qualquer momento podem ser contestadas, mesmo assim, ele sujeita sua vida a
estes saberes, a estes conceitos, a estes valores, a essas verdades??
Por que ele rege sua vida
por valores externos a ele, criando um descompasso, uma divergência, um
antagonismo entre ‘o que vive para fora’ e ‘o que é em essência’?! Esta é a
raiz de todo seu sofrimento.
Somente a atenção sobre si
pode permitir que a sua verdade se
manifeste para si. Aquilo que lhe faz sentido.
Somente a compreensão da
própria vida que cada um tem para viver, e a aliança com ela, pode permitir o
resgate do seu próprio ser. Que muitas vezes, devido ao foco excessivo ‘para
fora’, para os ‘saberes de fora’, para os ‘saberes do outro’, está caído à
margem, apagado, desconhecido de si mesmo. É preciso se revelar a si próprio.
Muitas vezes...quase
sempre, as informações que se recebe no dia a dia, deixam de ter este caráter
de meras informações, para serem consolidadas
como verdades absolutas.
E passam a reger todo o seu comportamento, todas as suas ações
e reações.
E pior. Seu pensamento discursivo _ aquele que ‘discursa’ sobre o que
está acontecendo a cada agora_ ao registrar este saber como verdade absoluta,
cria uma ‘memória’ e passa a usar estes conceitos em outras oportunidades, a
cada vez que o tema em questão for abordado novamente.
Uma informação assentada interiormente cria raiz. E aí se torna muito
mais difícil retirá-la, libertar-se dela.
Se libertar do que se sabe é compreender que tudo são verdades
relativas: ‘pode ser e pode ser não ser’.
Para se defender do ‘saber’ é preciso não dar crédito de real a nada que
alguém fale e não dar crédito de real a nada que a sua mente fale.
Assim, começamos a não assentar novos saberes como tijolos cimentados na
mente.
‘Pode ser e pode não ser’.
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