OBSERVAR A PRÓPRIA VIDA
Quando estudamos profundamente
a vida, podemos dividi-la em duas partes e chamar uma parte do lado mais
superficial da vida e a outra parte do lado mais profundo da vida.
Às vezes a importância
desses dois lados pode parecer de igual grandeza.
Quando uma pessoa está pensando
no lado mais fútil da vida, naquele momento esse lado é mais importante,
enquanto que o outro lado, do qual ela não é consciente, parece não ter grande importância.
Em outros momento da vida
porém, às vezes depois de um sofrimento, de uma perda ou de outra experiência
qualquer, de repente a pessoa desperta para uma compreensão diferente da vida.
E quando é despertada para o lado mais profundo da vida, este lado lhe parece
ser mais importante do que o lado mais fútil da vida.
Mas, na realidade, ninguém
pode dizer qual é o lado mais importante, porque depende da nossa maneira de
ver os dois lados da vida. Se aumentarmos o seu valor, embora seja uma coisa
pequenina, estamos lhe dando um valor muito maior. Nada existe no mundo que
tenha um valor permanente.
Assim como o repouso é
necessário depois da ação, também é necessário lançar o olhar para o lado mais
profundo da vida. Um bom caminho pode ser aquele que abrange de um lado o
estudo e de outro lado exercícios e meditações que levem a aplicações práticas
no dia a dia.
Pode-se perguntar: o que
se deve estudar?
Há dois tipos de estudos:
um é ler os ensinamentos dos grandes mestres, dos grandes pensadores e guardá-los
na mente. Outro tipo é estudar a vida.
Temos
oportunidade de estudar a vida todos os dias.
Podemos ler a natureza
humana que está diante da nossa visão, as pessoas que cruzam o nosso caminho. Se
continuarmos este estudo começaremos a ler os seres humanos como se estivéssemos
lendo cartas escritas pela ‘caneta divina’ e que falam de seus passados e seus
futuros.
Podemos olhar
profundamente o céu, a natureza, olhar todas as coisas que são vistas no dia a
dia e entender tudo o que estamos vendo como a ação divina. Este é um tipo de
estudo superior, incomparavelmente muito mais valioso do que o estudo por meio
de livros.
E na prática diária, procurar
viver pelos valores que validamos, conservando a pureza do nosso coração; e perceber como a intenção contida em tudo o que fazemos de manhã até a noite _ em nossa
atitude de julgamento, crítica e condenação do outro ou em nossa atitude favorável uns com os outros
independente de quem são ou dos conceitos que expressam_ ajudam no nosso desenvolvimento.
Nossa maneira de vivenciar
a vida, vai acumulando em nós mesmos, matéria prima que nos permite, em
determinado momento de nossa caminhada, atingir um estágio em que vemos e
vivemos o lado mais profundo da vida cada vez com mais naturalidade.
E assim, saindo da
ignorância e adentrando este lado mais profundo da vida, podemos vir gerando em
nós mesmos, a partir da nossa consciência e responsabilidade, elementos que
contribuam para que nos libertemos cada
vez mais do medo, da dúvida, principais agentes de limitação, e sempre presentes
na vida superficial.
Para compreender a vida
não é preciso que sejamos grandes ou bons, piedosos ou espirituais...O
principal e o mais necessário é nos tornarmos observadores. De nós mesmos! Da
nossa vida. Devemos observar a vida com mais atenção do que fazemos
habitualmente e não apenas na superfície...
Não é necessário abandonar
nossas ocupações, nosso trabalho na vida, ir a uma floresta, lá sentar e
meditar sobre a vida. Podemos meditar sobre a vida no meio da própria vida, se
quisermos.
Observar a própria vida...
para não ficarmos intoxicados pelo excessivo fazer, pelo ‘ter que’, pela busca
do prazer, pelo medo de sofrer, pelo querer ganhar sempre, pelo medo de perder,
pela busca do reconhecimento e da fama e pelo medo da infâmia e da crítica...
Observar a própria vida...
porque quanto mais profundamente olharmos para ela, mais ela se desvela,
permitindo-nos ver com mais clareza.
A vida é reveladora. Não
são só os seres humanos que falam. Se os nossos ouvidos puderem ouvir, o mar, o céu, as
plantas, as árvores e toda a natureza fala...A natureza inteira se revela,
revela seus segredos. Assim vamos aprendendo a nos comunicar com a vida no seu
todo...e percebemos que nunca estamos sós...e compreendemos o sentido contido no bendito de AGNI: ...'em união é quem nos conduz'.
Observar a própria vida...
para encontrarmos o equilíbrio e uma forma mais harmoniosa de vivenciarmos
nossa vida em paz conosco mesmos (com todas nossas questões, conceitos e verdades)
e com tudo...
Nos dando conta que toda
vida vem de uma só fonte. E esta fonte é Inteligência, Justiça e Amor agindo
sobre todos e sobre cada um!
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