NATUREZA NATURAL
Agradeço a oportunidade
de estar aqui e poder falar um pouco com vocês a respeito de temas que para nós
são importantes e que podem de alguma forma contribuir para que nós possamos
viver de forma mais leve e mais feliz...
Hoje eu quero falar com
vocês a respeito de experiências que eu tive com relação ao ensinamento, uns
‘insights do óbvio’ que andei tendo e que para mim, apesar de serem tão óbvios
foram libertadores daquilo que estava me afligindo naquele momento. É isso que
eu quero compartilhar com vocês.
Na última palestra nós
falamos sobre ‘estar no rumo da paz e da harmonia’, quer dizer, se a pessoa
ainda não está vivendo nesse lugar de paz e harmonia, como ela poderia fazer
para chegar lá. Vou relembrar alguns pontos para podermos alinhavar a continuidade
do que eu quero falar...
Falamos entre outras
coisas que, na verdade, só é possível viver na paz e harmonia, se a pessoa
conseguir sair do ciclo do prazer e da dor.
É o ciclo a que nós
estamos submetidos como seres humanizados. Justamente por acreditarmos no nosso
ego, por acreditarmos nas verdades e realidades criadas pelo nosso ego, nós
entramos neste ciclo do prazer e da dor. Quando a vida vai de acordo com o que
nós queremos, nós nos sentimos felizes; e quando vai contra a gente sofre...
Então, é sair deste
ciclo e se libertar daquilo que mantém a pessoa presa na materialidade _ o
querer ganhar, o buscar o prazer, o querer
o reconhecimento, o precisar do elogio _ deixar de viver preso nessa dinâmica
do egoísmo ( apesar de reconhecer o egoísmo como sendo o traço característico
da nossa fisicalidade, da nossa humanidade).
Ai a gente falou que se
a pessoa fosse se libertando das amarras destas situações, ela poderia passar a
viver estas mesmas situações mas em equanimidade, quer dizer, de uma forma
equânime, sem estar sofrendo nas pontas do prazer e da dor...quer dizer
sofrendo sem sofrer... e ai ela poderia conhecer a verdadeira felicidade, que é
viver o que seja em paz, em harmonia.
Bom, a partir do dia em
que eu fiz esta palestra e estas colocações, parecendo até um desafio, ou
talvez até porque eu tenha colocado mais consciência sobre o tema, eu comecei a
viver uma fase de grandes desafios justamente em relação a estes tópicos.
Parece que começou a existir em mim um prazer em viver enroscada no ciclo do
prazer e da dor.
Algo em mim parece que
dizia ‘sim, eu sou egoísta, eu sou humana...e é isso que eu tenho prá
viver...não é possível viver sem querer ganhar, sem querer que as coisas sejam
do jeito que a gente quer....que a gente considera certo’...
Por mais que eu tivesse
consciência de que não fosse isso, de que a vida apresenta o que ela tem que
apresentar, mais eu me sentia presa a essas sensações, assustada, com medo que
a vida apresentasse algo que eu não queria viver naquele momento...
Mesmo eu racionalizando
o ensinamento, buscando trazer prá consciência que ‘tudo é perfeito do jeito
que tem que ser’, mesmo assim meu coração estava apertado, meu estado de
espirito era de angústia, bem distante da tal equanimidade diante das coisas...
E quanto mais eu dava
espaço prá este estado de espirito permanecer em mim, mais ele ia se ampliando
dentro de mim!
Sem que eu percebesse,
naquele momento, que meu estado de espirito diante das coisas poderia ser
alterado.
Eu me criticava e me
perguntava: ‘por que ficar falando em sair do ciclo do prazer e da dor, em sair
do egoísmo, em sair do querer ganhar, do ter razão, em sair do querer que a
vida se desenvolva do jeito que eu considero bom, se o ser humano não pode
mudar nada em si?? Me perguntava de que adianta ficar falando disso,
estudando, ficar preocupada com isso?
Parecia que não era
possível seguir este ensinamento...
Aí eu comecei a achar
esta história de equanimidade a coisa mais chata...como na história da raposa
dizendo que as uvas estavam verdes, eu também comecei a achar a equanimidade
uma coisa muito sem graça...justamente porque estava difícil para mim, viver,
ainda que minimamente, a tal equanimidade...
E assim foi ficando até
surgir o convite para fazer esta palestra...e ai me veio uma crise de não ter o
que falar...pois se eu estava vivendo sentimentos ou que seja, sensações, de
egoísmo, de questionamentos.... a respeito do que eu poderia falar??
Então eu vi que seria
exatamente sobre isso...sobre como eu estava vivendo a contrariedade, a vicissitude,
a alternância, que na verdade é a própria vida.
E ai eu comecei a
destrinchar alguns estudos... mexer meu caldeirão....prá procurar entender
melhor....prá pegar aquele ponto em que eu me encontrava em conflito e
tentar expandir a compreensão dele à luz do ensinamento....botar luz.....trazer
lucidez....pra discernir melhor...
E eu vi que esta é uma
dinâmica muito boa...que pode auxiliar bastante a gente a chegar num
discernimento.
Então eu vi.....
O ensinamento propunha:
assistir a vida....tudo bem...tô vendo....; ver o sofrimento....tudo bem; ver o
prazer....tudo bem; assistir o querer ganhar, o ter razão.....tudo bem.....
Mas e o espirito de
equanimidade diante de tudo?? Este estava muito difícil...parece até que de
fato eu não queria me sentir equânime...o que eu queria mesmo é ir prás
pontas...prá gangorra do sobe e desce....
Porque no sobe há
prazer...mas parece que até no desce, no sofrimento, também há prazer...porque
a pessoa parece até que quer ficar lá....sofrendo...
Aí, continuando a mexer
o caldeirão... da vida...dos ensinamentos...me veio uma compreensão de
que só seria possível o estado de espirito de equanimidade para uma pessoa que
tivesse fé!
Fé em Deus como causa
primária de todas as coisas.
Fé em que tudo o que a
vida propõe está certo porque está dentro da ordem divina.
Fé em que tudo são
provas para a evolução do espirito...
Enfim...parecia que era
preciso ter muita fé...
E quem não tivesse tanta
fé? Não seria permitido a ele viver o estado de espirito de equanimidade??
Ai eu comecei a me
relacionar com a fé e perguntar o que ela pedia...porque prá pessoa ter fé, é
preciso que ela atenda aquilo que a fé pede dela...
E aí eu vi.....
A fé pede aceitação,
entrega, confiança, integração (some o eu que se integra na fé), abertura,
acreditar ou seja dar crédito....tudo isso dado a algo que a gente não sabe o
que é....não se pode definir....não se pode conhecer....
E ai surgiu um medo...
Um medo dessa entrega
incondicional a algo desconhecido.
Fui então falar com meu
medo e ele me disse que eu sentia medo porque:
eu não queria ser
impotente diante da vida....quando de fato eu não controlo nada, quando de fato
eu não tenho nenhum poder sobre a vida...
eu não queria NÃO
saber...quando de fato eu nada sei....
eu não queria me
diluir....quando de fato nem existo...
eu não queria assim uma
entrega incondicional....quando de fato está entrega já está...
eu não queria perder um
pretenso domínio...me sujeitar a algo que não sei....
eu não queria ter uma
confiança cega....
eu não queria sair da
zona de conforto do conhecido.....
na verdade, eu não
queria viver o natural que é o que é...porque eu queria viver o
ideal...que é aquilo que eu queria que fosse...
E aí vi ...
Que dessa situação
surgia em mim:
Uma grosseria prá me
defender...
Um retraimento prá me
proteger...
Um estresse prá me
manter...
Um fechamento prá
vida...
E ai veio um grande insight
prá mim....um insight do óbvio...foi a consciência de que tudo o que eu tenho
prá fazer e tudo o que eu posso fazer é me abrir prá vida que está, me
relacionar, me harmonizar com o que de fato está aqui e agora...
Aí eu não preciso
fé...não preciso nada...
Se eu me relacionar com
o aqui e agora, sem interpretar, sem julgar, sem comentar, sem analisar....só
com o que está.... e conseguir me harmonizar com isso....isso traz um estado de
serenidade e concórdia... e pode resultar no estado de espirito de equanimidade
diante de tudo....
No aqui e agora não tem
emoção...o aqui e agora é o que é.... sem adjetivos...nós é que qualificamos a
cada instante...
O que é....O que
está....É tudo o que existe....É só o que existe a cada agora...
Então não interessa se é
o melhor ou o pior prá mim...se foi Deus causa primária quem gerou....se são
provas para a evolução do espirito....
O que interessa é que
aquilo que eu estou vivendo é o que é...é o que eu tenho pra viver...se eu
tenho fé ou não tenho, também não interessa...tudo o que eu preciso ‘SÓ’ é
me integrar ao que está! Me harmonizar com os pensamentos a respeito daquilo
que está...entrar em equilíbrio...aceitar o que está...do jeito que vier...
Perceber que A
FORMA como eu estou qualificando aquele aqui e agora é o que pode estar me
levando ao sofrimento...
E eu posso optar por
permanecer sofrendo ou sair do sofrimento...
Perceber que o que está
gerando o meu sofrimento é o meu querer, são os meus desejos...minhas posses:
eu sei...quero que seja deste jeito....assim é o certo....eu gosto disto desta
forma, eu não gosto... eu julgo, eu critico...
Parece assim que na hora
do ato existe aquele impacto...mas ai eu posso conscientemente procurar
me relacionar ESTRITAMENTE com o que está e perceber que no
que está não tem adjetivos...não tem qualificação...
Eu posso não acreditar
no falatório do ego...
Eu posso escolher dar
alimento pro sofrimento, pro egoísmo....ou deixar ele morrer de
inanição...optando por me harmonizar com meus pensamentos sobre o que está!
Então harmonizar é entra
em equilíbrio...RETOMAR O EQUILIBIRIO NATURAL!
Quando eu pensei isto,
me veio outro insight...uma consciência de que há um equilíbrio
natural....uma felicidade natural....um estado de amor natural...natural?? É!
Natural...um estado de amor que é nato....que é próprio do ser universal...e
ele é interrompido pelo estado de sofrimento que é criado pela mente, pela
qualificação do que acontece....
E então eu vi....como
uma imersão num oceano...ESTA É A NOSSA NATUREZA NATURAL...UMA NATUREZA
AMOROSA...
E eu pude perceber que
para o estado natural se manifestar não é preciso fazer nada!
É só não bloquear...
É só abrir a camisa de
força que nos mantém presos no julgamento, na critica, na expectativa...e
permitirmos nos inundar com esse campo de força amorosa que brota de dentro de
nós mesmos....de todos e de cada um....
E esta NATUREZA
NATURAL amorosa ESTÁ SEMPRE NO AQUI E AGORA!
Então ficou muito forte
a idéia de me libertar do ideal prá permitir o natural....
Compreender que o ideal
não está no mundo da realidade, mas no mundo das probabilidades....então ele
não tem ação na vida, a não ser a de nos tirar fora da vida....prá nos tirar
fora da nossa natureza natural!! Então na realidade parece que não há o que
temer, porque o ideal não existe!
Lembrar que a couraça
que nos isola desta nossa natureza natural é a couraça feita por aquele
‘advogado interno’ que pretensamente diz que sabe o que é o melhor prá nós e
entra em nossa vida querendo determinar as nossas ações, os nossos objetivos,
dizendo o que é certo e o que é errado em todas as áreas de nossa vida.... e
nos isolando de nós mesmos....da nossa natureza natural....amorosa...
Trazendo o medo da gente
se jogar nesta corrente....
Mas aí, nós podemos nos
lembrar que não precisamos fazer nada....só permitir, não bloquear quando ela
se apresenta em nós....porque esta natureza se apresenta...
É só aceitar e se entregar
neste fluxo natural....vivo....espontâneo...que quando a gente se abre prá
ele...ele começa a pingar e depois a jorrar em nós...
É nós permitirmos a
nossa integração....a nossa dissolução...porque ai some o eu... ele se integra
ao todo através dessa corrente...
E essa natureza amorosa,
ela nos aceita como nós somos...e aceita a tudo como parte desse fluxo...aceita
a tudo e a todos como são...
É nós
acreditarmos...darmos crédito...e nos entregarmos prá experimentar...
É nós nos permitirmos
sermos naturais, como nós somos, sem máscaras....nus....sem a roupagem da
expectativa....do julgamento....da critica....do querer....do poder....
De fato é nos abrirmos e
mergulharmos dentro da nossa natureza amorosa...
Vou oferecer para vocês
uma canção que me tocou muito quando eu ouvi...mais além da forma, do conteúdo
das palavras...vibrou amorosamente em mim... e é um convite prá quem ouve se
abrir ao amor.... então quero compartilhar com vocês oferecendo praqueles que
quiserem se abrir prá esta natureza amorosa em si....
Salve o amor e a
alegria!
Procurar se aproximar de
frequências que ressoem de forma amorosa pode ajudar a gente a abrir este
canal...
Experiências mostram que
se colocarmos dois instrumentos musicais com a mesma afinação, um diante do
outro, quando um tocar o outro vai vibrar na mesma frequência....pela
ressonância...
Então, a gente se ligar
á frequência da alegria...eu acredito que ela pode nos alimentar e vai
facilitando o retomar à nossa natureza natural...
A alegria, a
celebração.....celebrar a vida...perceber que tudo o que nós temos é a nossa
vida prá viver.... e procurar viver esta vida com mais leveza...
Talvez cantando um pouco
mais....talvez dançando um pouco mais...
Procurando não
interromper o fluxo natural da harmonia que é nosso...que jorra dentro de nós
mesmos...porque ele é natural...
E se ele é
harmonia...ele flui na justa proporção....na proporção correta em cada ser....
é um FLUXO DE CONCÓRDIA porque harmonia é concórdia entre as
partes... CONCÓRDIA É ACEITAÇÃO....É ESTAR DE ACORDO... são as
partes que formam o nosso ser em acordo...em concórdia...em harmonia...é o
nosso pensamento...nosso sentimento....nossa ação....se alinhando no mesmo
fluxo de concórdia...
E disso surge o que?
Este estado de espirito
de harmonia traz a GRANDE CURA...quando as coisas entram na ‘justa
proporção’ elas se harmonizam....e dão espaço para o amor.
Na ‘justa
proporção’...não é num extremo nem no outro...é na justa proporção.
Este estado de espirito
amoroso ele traz uma paciência e uma mansidão consigo mesmo e consequentemente
com tudo....na aceitação.
Quando você permite que
este fluxo amoroso flua, você ama a tudo...ama o universo, o todo...tudo é
amor...porque tudo ele integra...
E ai eu vi...
QUE A LUZ É PRÁ
CLAREAR... PRÁ TRAZER LUCIDEZ...DISCERNIMENTO...
E O AMOR É PRÁ
INTEGRAR....SE DISSOLVER E VIRAR UM...
Não é só viver a vida
que nós temos prá viver...mas é permitir esse fluxo universal...
E prá isso não se
precisa fazer nada...é só deixar de impedir prá que ele surja
naturalmente...porque é da nossa natureza..
Então AMAR É VIVER
HARMONICAMENTE COM TODAS AS COISAS DO AQUI E AGORA, QUAISQUER QUE ELAS SEJAM...
É soltar as ilusões do
nosso ego que dizem isso e aquilo...não acreditar nelas...porque tudo o que
está sempre acontecendo por detrás, é a nossa natureza natural amando!!!
Prá isso é preciso a
gente mudar A FORMA de tratar as coisas do mundo... as
pessoas, os objetos, os acontecimentos...ao invés de viver aprisionado aos
valores criados pelo ego, conviver dentro das características amorosas que tudo
possui.
E compreender que AMAR ....esse
é o elo que interliga todas as coisas....todos os seres...tudo no universo...
Esse é o estado natural
do ser universalizado....do ser integrado...
E o que nos cabe fazer?
Permitir que o fluxo
natural do amor jorre naturalmente... inicialmente abrindo uma brecha
pequena...que começa a fluir.... e assim como um córrego vai aumentando o seu
fluxo ao vencer obstáculos em seu caminho....também essa abertura prá natureza
amorosa que é natural em nós....se não for bloqueada, poderá jorrar cada vez
mais natural e abundantemente...em cada um...
Tem uma imagem que interessante
que sempre podemos lembrar...no canal do panamá tem uma diferença de nível
entre o oceano atlântico e o oceano pacifico. Para um navio fazer a travessia
de um para o outro, ele precisa entrar numa eclusa e aguardar que o nível da
água suba até que atinja o mesmo nível do oceano que está do outro lado, fora
da eclusa...ai a eclusa é aberta e o navio sai, sem esforço, naturalmente, sem
nem perceber.... mas foi preciso um tempo de acúmulo da água...
Ou seja, estamos no
oceano do egoísmo...entramos na eclusa e vamos acumulando as condições
que favoreçam a nossa natureza natural de Luz e Amor...sem expectativas nem
interesses...de repente abre-se a comporta da eclusa e naturalmente a passagem
é feita...fruto de tudo o que foi acumulado em seu interior....
É só deixar que a nossa
natureza natural amorosa venha nos permeando...
E agora quero oferecer
um canto para vocês...
FIRMEZA
transcrição literal de palestra de Hanna (Annamaria Pires) . final 2010
FIRMEZA
transcrição literal de palestra de Hanna (Annamaria Pires) . final 2010
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