UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL
LICENCIATURA EM ARTES . 2016
PROJETO DE APRENDIZAGEM
ANNAMARIA H. DE S. PIRES
Mediadora GISELE KLIEMANN
MATINHOS, outubro 2016
CORPO
E NOOSFERA
Um
estudo do invisível para o visível
No
corpo que dança
PROBLEMATIZAÇÃO
A
repetição mecânica dos modelos de ser, de pensar, de agir, já cristalizados
pela humanidade, definindo relações de poder e dominação que se espalham para
as questões sociais, políticas e econômicas, e a pouca ou nenhuma ênfase dada
para a construção de uma capacidade verdadeira de percepção de si mesmo, de
auto-observação, de compreensão, de análise, de síntese, faz com que o poder de
crítica da humanidade para o reconhecimento e a aceitação dos dogmas e
ideologias, seja muito rudimentar em sua grande maioria, tornando esta
humanidade uma ‘massa ignorante de sua história’, de suas circunstâncias e de
si mesmo, e facilmente manipulável no que tange aos objetivos do poder
dominador.
A grande
angústia da humanidade, que sem dúvida conduz aos maiores problemas
existenciais da atualidade, é este distanciamento cada vez maior e mais crônico
de si mesmo. O sujeito é estimulado e moldado desde que nasce, a se ocupar de
coisas e situações fora de si mesmo. E com isto vai, gradativamente,
construindo uma vida voltada para questões e preocupações externas. Esta
angústia da humanidade, que vem gerando doenças e desajustes de toda ordem,
pode ser decorrente da pressão interna pelo criar, pelo construir ‘de verdade’,
através da manifestação da potência interna do ser.
É preciso investigar para
entender melhor este processo. Através do paradigma da complexidade (incerteza,
indeterminação, aleatoriedade, contradições), encontrar metapontos de vista
que, pela atenção, auto-observação, experimentação, contribuam para o
entendimento da auto-criação da realidade a partir de suas múltiplas
interações.
E começar pelo que está mais
perto, a partir do próprio corpo.
Somos
corpo do mundo, pois a ele pertencemos. E somos corpo no mundo, pois nele
agimos. De que forma os movimentos do mundo se enredam aos nossos movimentos
no mundo?
OBJETIVO GERAL
Fazer
um estudo a respeito do corpo como informação _ inserido a nível planetário
numa ‘tecnosfera’ e a nível cósmico numa ‘noosfera’ _ do ‘corpo que dança’ como
canal de expressão e auto-percepção nestes contextos e do ‘ato-reflexivo’ como
síntese para a meta-morfose a ser vivenciada no dia a dia, como processo de
evolução consciencial (ao ponto ômega).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Neste
módulo do PA_ ‘o corpo que dança’, buscar entender nosso processo como seres
moventes implicados em um mundo de constantes movimentações. Estudar a dança
como expressão da originalidade do ser, se contrapondo de forma natural ao
excesso de racionalismo que normatiza; analisar como se dá a abertura de um
canal de comunicação interno-externo que traz à consciência especificidades a
serem expressas que estão desconhecidos do sujeito, por não estarem
conscientizadas e por isto mesmo, estão inativas, inoperantes, asfixiadas,
imobilizadas; refletir sobre a criação de várias vias, intersecções,
comunicações, ressonâncias, sinapses, que são descobertas e aprendidas através
do corpo e podem posteriormente circular através da linguagem e da ação neste
contínuo processo do trans-formar. No ‘corpo que dança’ _ dança acima de tudo
por si e para si, em movimentos criados instantaneamente a partir dos fluxos
conectados _ procurar identificar portanto, a condição do movimento como
percepção, como comunicação, como informação, sua potência como linguagem e sua
dançabilidade como dança. No processo de entender a dança como o “pensamento do
corpo”, (KATZ, 2011), é preciso ‘olhos que vêm do invisível para o visível’.
Compreender
em que medida a ARTE é o meio de tornar visível este jogo de forças invisíveis
e forma de encontro ao mencionado Ponto Ômega.
Nos
módulos posteriores do PA serão desenvolvidos estudos sequenciais para expansão
do tema, focando o ‘corpo que fala’ (linguagem, semiótica) e o ‘corpo que vibra’
(som, ressonância, campos mórficos, física quântica).
JUSTIFICATIVA INICIAL
Este
estudo se justifica incialmente, pela necessidade do sujeito reconhecer e
conscientizar de forma significativa, sua responsabilidade na conformação de
si, do próprio corpo, na própria expressão mais afinada na vida dos recursos
que traz, a partir do entendimento da própria identidade dentro do processo de
evolução da humanidade (onde está _tecnosfera_ e para onde caminha _noosfera),
numa teorização que, segundo MORIN (2013), se esboça pela possibilidade de uma
ciência do devir. (sistemas complexos abertos ao acontecimento e
experimentação). Justifica-se ainda, pela necessidade do sujeito reconhecer a
seleção das ‘coleções de informações’ em que deseja se ‘colar’, pois, da
qualidade e variedade dessas informações dependeria, em certo grau, sua própria
constituição, influenciada também pelos determinismos biológicos e forças sociais.
“Se as mudanças biológicas são da ordem do determinado e ocorrem de forma
extremamente lenta, nossas ações de percepção da informação, ao contrário, são
rápidas, plásticas e transformadoras do corpo e do sujeito” (KATZ, 2011)
PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO
Numa visão evolucionista, adentrar
num estudo inicial sobre:
Tecnosfera e Noosfera , que trazem a situação do
tempo e lugar; de onde se fala, de que época, qual é a ambiência e consciência
vivida pela humanidade. A ‘tecnosfera’ marca o momento histórico por que passa
a humanidade, numa fase de transição paradigmática e de revolução
epistemológica; tecnologia interligando e colonizando mentes e corações,
cibercultura, midiosfera, cultura de massa e desconstrução da identidade;
subjetividades despedaçadas, erupção da loucura. A ‘noosfera’, conduziria a
humanidade ao Ponto Ômega (superconsciência), que, numa dinâmica atmosfera
presente mas invisível, age sobre todos os seres humanos, e como ‘memes’
replica pensamentos, sentimentos, idéias, criações mentais, forjando um campo
de força que a todos enreda, impacta e sugestiona. Força sinérgica maior do que
a soma das partes.
O corpo
como suporte ativo de informações em pleno fluxo; expressão da potência interna
e como acesso a ela; como veiculo para o processo do criar, de ser no mundo;
parte que interage com o mundo. O corpo
como informação sempre em ação,
percebendo, processando, assimilando e criando novas informações em trocas
inesgotáveis com o meio do qual faz parte (tecnosfera, noosfera). O ato cognitivo
é mediado pelo sentir, portanto uma cognição sensível. O corpo fala e participa
ativamente da vida, sendo percebido e se auto-percebendo.
O corpo que dança,
como meio de experimentação de um corpo-paradoxal que se abre a uma
consciência-corpo. Vivência e conhecimento interno para que a informação-corpo
emerja e possa ser conscientizada através do ato-reflexivo que busca respostas
onde cada um, dentro de sua originalidade e singularidade, pode conceder a si
próprio. A dança como
um canal, uma ponte através da qual se manifesta o invisível, comunicando-se,
assim, com o manifestado, com o homem.
O ato-reflexivo(1),que conscientizaria e
auto-ensinaria a arte do diálogo sensível com a tecnosfera e a noosfera,
evidenciando formas de navegação neste oceano de impactos e estímulos, de
maneira a minimizar a condição de sujeição passiva em suas interações. A partir da informação do corpo revelada pela dança, a conscientização
para uma meta-morfose, uma trans-formação evolutiva. Num
marco de ruptura e autonomia deixaria surgir um percurso de inovação que
compreenderia com mais abertura a própria realidade e permitiria o afirmar-se
na diferença, na originalidade, na singularidade de cada um. A Arte como caminho ao Ponto Ômega da consciência unificada.
(1)Emergência de um paradigma complexo: consciência do corpo-sensível-informativo; dança-movimento como agente de trazer à tona; ato-reflexivo como reflexo de um novo estado consciencial na ação cotidiana; ciclo evolucionista que se repete em ação circular...
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
KATZ, Helena . Do que fala o corpo hoje? Teologia e
Comunicação , Corpo palavra e interfaces cibernéticas, Paulinas, São Paulo, SP,
2011
MORIN, Edgar .O Método IV As
Idéias: a sua natureza, vida, habitat e organização, Publicações
Europa-America, Portugal, 1991.
QUEIROZ, Lela . Corpo,Mente, Percepção . Movimento em BMC
e Dança . AnnaBlume Editora , São Paulo, SP, 2009.
ZILLES Urbano .Teilhard de
Chardin e S. Boaventura: itinerário do Cosmo ao Ômega Petrópolis : Vozes,
maio/1968.
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